A pandemia e a fé
Iara Araújo
A palavra fé, na sua origem latina “fides”,
quer dizer fidelidade. Pressupõe uma relação de confiança. Muitas pessoas creem
em Deus, mas o difícil é confiar, principalmente quando tudo está desmoronando
à sua volta. Essa confiança pode se comparar a uma situação corriqueira: quando
se entra em um avião temos que confiar que o piloto se preparou, não basta crer.
Durante a pandemia, que assolou o planeta, pôde
se verificar o quanto essa confiança irrestrita em um Poder Superior, que tudo
governa sabiamente, fez a diferença entre o desespero e a aceitação.
O Espiritismo, Doutrina Filosófica codificada
por Kardec, nos explica claramente de onde viemos, porque estamos aqui e para
onde vamos. Mas essa compreensão exige esforço, estudo, vontade de conhecer e
se modificar. É a construção individual da fé raciocinada.
No livro O que é o Espiritismo, Kardec
afirma que a Doutrina Espírita vem abrir os olhos e os ouvidos de toda gente,
pois fala sem figuras, nem alegorias, e levanta o véu intencionalmente lançado
sobre certos mistérios, trazendo a consolação suprema aos deserdados da Terra e
a todos os que sofrem.
A grande maioria dos encarnados considera que
estão a passeio no Planeta Terra. Quando acontece alguma situação imprevista,
como a atual, agem como o que é relatado na Parábola das Dez Virgens. Não se
prepararam para acontecimentos dessa ordem. E se desesperam. Não é quando o infortúnio
bate à porta que a pessoa vai ter a condição de entendimento. Neste momento,
ela só precisa de carinho e consolo. Por isso, é tão importante procurarmos o
esclarecimento e a construção de uma crença baseada na razão enquanto estamos
em equilíbrio.
Nos diz Emmanuel: “A maioria dos
companheiros de jornada humana vivem agarrados aos inferiores interesses de
alguns momentos e as palavras da verdade, que imortalizam sempre, lhe pareceram
consumado desvario.’’
Um dos princípios básicos do Espiritismo é a
imortalidade da alma. Somos espíritos imortais. Já vivemos muitas experiências
na carne e fora dela. Para quem consolidou esse conhecimento, a possibilidade
de desencarne, seu ou de seus afetos, não causa desespero. Há dor, mas não o
desespero.
Nunca, como neste momento, a certeza desse
princípio foi tão fundamental. Isso não significa que não tenhamos que ter
todos os cuidados para evitar a contaminação, porque estaríamos sendo
imprevidentes e colocando nas mãos de Deus um cuidado que é nosso. Mas se,
apesar dos cuidados, nós ou alguém de nossa família retornar ao Plano
Espiritual, de onde viemos e para onde vamos,
devemos encarar com serenidade e confiança os desígnios do Pai.
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