O Bem pelo Bem

 

por Luiza Nelsi de Souza

 

     A mídia, na sua grande maioria, noticia acontecimentos negativos com  ênfase e repetições. Temos consciência de que a população necessita de  informações que possam ser usadas para se proteger, para ter como exemplo e não fazer igual ou até mesmo apenas para saber e comentar. Poderíamos perguntar por que as notícias tristes, tragédias chamam tanto a atenção? Será que não existem acontecimentos bons, felizes, gratificantes para serem noticiados e repetidos? Ou seria a identificação da humanidade com as dores e sofrimentos?

     Tudo isso é verdadeiro, a mídia faz o seu papel de divulgar, cada um usa como quiser a informação que lhe chega.

     Precisamos salientar que, por habitarmos um mundo de provas e expiações – estágio evolutivo da humanidade onde ainda impera o mal, segundo o Espiritismo - as dores e sofrimentos são uma constante. Joanna de Ângelis, a propósito, no livro O Homem  Integral nos diz: “A vida são todas as ocorrências, agradáveis ou não, que trabalham pelo progresso, em cuja correnteza todos navegam na busca do porto da realização.” Belas palavras dessa mentora espiritual que trabalha incansavelmente para nos consolar e esclarecer. Seus ensinamentos profundos e verdadeiros nos levam a recomeçar sempre. Precisamos de resiliência – termo da física, mas que, usado figuradamente, diz ser a capacidade do indivíduo de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.

     O ser humano é resiliente. Especialmente aquele que tem fé, que acredita em Deus. Afinal cada novo dia é esperança que se renova.

     A Doutrina Espírita tem como objetivo primeiro consolar e esclarecer. Consola os aflitos e sofredores porque esclarece sobre a gênese (origem) do sofrimento. Todo o acontecimento positivo ou negativo, que soubermos o porquê de sua existência, vai, racionalmente, levar o ser a refletir e aprender com a situação, se estiver amadurecido e aberto para isso. Quanto menor a fé, maior o distanciamento de Deus e, em consequência, a não aceitação e revolta aos acontecimentos negativos da vida.

     É comum ouvirmos de muitas pessoas que o espírita – aquele que acredita e segue a doutrina dos Espíritos - é masoquista, que faz apologia à dor. Afirmamos que a colocação não procede. Acontece que a Espiritualidade Superior, que ditou a Doutrina Espírita, nos ensina que absolutamente a totalidade dos acontecimentos em nossas vidas são para o nosso bem. Como assim? Podemos perguntar. Usando o exemplo de uma criança que quer o doce ou a brincadeira na hora errada e os pais, conscientes, responsáveis e amorosos, negam, e ela fica muito revoltada. Nós seres ainda infantis espiritualmente não somos diferentes.

     Frequentemente queremos “brincar” de sermos Deus, e nosso ego – imaturo e egoísta - quer direcionar os desígnios Divinos, como se tivesse poder e conhecimento para tal. Esquecemos que somos regidos por Leis Divinas perfeitas e uma delas é a lei da causa e efeito, colhemos hoje o nosso plantio de ontem. Esse plantio pode ser num passado próximo ou distante, mas colheremos os frutos – nem sempre desejados - mas sempre merecidos, pois Deus é infinitamente bom e justo.

     Vamos aprender a semear... Fazer o bem pelo bem que o bem faz, simples assim.

     Usamos as palavras do Mestre, registradas pelo apóstolo Pedro: “O amor cobre uma multidão de pecados”. Vamos resgatar pela prática do bem, exercício quotidiano do amor incondicional, ensinado por Jesus, o nosso plantio indevido no passado.

     Semear o bem pelo bem que o bem faz, este deve ser nosso lema em todos os segmentos de nossas vidas.

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